sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Redescobrindo Beckett

 (por Luiz Rebinski Junior)


Perseguido pela pecha de “autor difícil”, o irlandês Samuel Beckett parece estar, aos poucos, se descolando de rótulos reducionistas que dificultam o entendimento de sua obra. Pelo menos é o que sugere o mercado editorial brasileiro, que nos últimos anos tenta recuperar o tempo perdido com boas edições de alguns dos mais importantes livros de Beckett, morto em dezembro de 1989.

Além de Esperando Godot, seu texto teatral mais conhecido, reeditado com nova tradução em 2005, a prosa de Beckett tem tido especial atenção de nossas editoras. Este ano, O inominável, último livro da primeira trilogia romanesca do escritor, ganhou uma bela edição nacional, assim como havia acontecido com Molloy, publicado em 2008. Apenas Malone morre (esgotado), o segundo volume da série, continua fora de catálogo.

Para além do mercado editorial, os textos teatrais de Beckett têm emergido com certa frequência em nossos palcos. Em 2008, o ator Sérgio Britto encenou A última gravação de Krapp/Ato sem palavras 1 – duas peças curtas do dramaturgo irlandês unidas em um mesmo programa. A atuação de Britto lhe valeu o Prêmio Shell de melhor ator. Ainda em 2008, Antônio Abujamra estreou Começar a terminar, peça livremente inspirada em temas beckettianos, como solidão e morte. Fora do eixo Rio-São Paulo, sua obra-prima teatral, Esperando Godot, ganhou, no ano passado, uma versão curitibana, levada ao palco do Teatro Guairinha pelo escritor José Castello e pelo diretor Flávio Stein.

“Beckett não facilita as coisas, mas não é um autor inacessível. Ninguém que se interesse pela literatura ou pela história do século 20 pode se dar ao luxo de ignorá-lo. Ele produziu muito e ao longo de muito tempo, mudou na essência o teatro moderno e explorou o romance até a última gota de suas possibilidades expressivas”, diz Fábio de Souza Andrade, tradutor de Esperando Godot e autor de Samuel Beckett, o silêncio possível (esgotado).


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